«Em defesa dos Serviços de Saúde do Concelho do Seixal», a Assembleia de Freguesia de Amora aprovou, no dia 27 de dezembro, uma moção onde manifesta-se «insatisfação» pelas «dificuldades de acesso a cuidados de saúde, tanto primários como hospitalares».
Neste documento – que mereceu os votos favoráveis da CDU, do PS e do BE, e os votos contra do PSD – recorda-se que em 26 de agosto de 2009 foi assinado o Acordo Estratégico de Colaboração para o Lançamento do Hospital no Seixal, entre o Estado português, representado pelo Ministério da Saúde, e o Município do Seixal, o qual previa a conclusão da construção da estrutura hospitalar no final de 2012. Acordo que o anterior governo do PS «mão cumpriu com os prazos estipulados» e que o atual Governo PSD/CDS «o suspendeu unilateralmente». Esta situação, segundo a moção, é «tanto mais gravosa quando se tratou de um projeto suficientemente estudado, participado e avaliado para fazer face às necessidades de uma população de mais de 450 mil habitantes que hoje dependem exclusivamente do Hospital Garcia de Orta (HGO), concebido e construído para responder a um terço (150 mil) daquele número de habitantes».
100 mil sem médico de família
Apresentado pelos eleitos da CDU, a moção informa ainda, citando o 3.º boletim estatístico trimestral de 2013 da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT), referente aos cuidados de saúde primários, que existem na área de influência dos ACES Almada-Seixal «mais de 100 mil utentes sem médico de família», muitos deles da Freguesia de Amora. Por outro lado, adianta o documento, a reestruturação dos serviços de saúde no concelho do Seixal, da responsabilidade do anterior governo do PS, com o consequente encerramento, no ano de 2008, dos Serviços de Atendimento Permanente (SAP) do Seixal e de Corroios, deixou a população do concelho com um único serviço de atendimento de agudos – no Centro de Saúde de Amora – com um horário de atendimento até às 22 horas nos dias de semana e até às 16 horas nos fins-de-semana. Fora destes períodos, todos os utentes são obrigados a deslocarem-se às urgências do HGO, acrescentando constrangimentos ao já muito congestionado hospital, facto que se traduz na diminuição da qualidade dos serviços prestados.
Aumentam os custos
«Ao sujeitar os utentes a dirigir-se ao HGO, agravam-se os custos suportados com as taxas moderadoras (20,6 euros em vez de dez euros no centro de saúde), e não se contemplam as dificuldades dos doentes em suportar os elevadíssimos preços dos títulos da rede de transportes públicos que servem a região», denuncia o texto da moção. Este facto é agravado «quando se sabe que uma parte significativa dos utentes que recorrem aos serviços de atendimento de agudos são idosos, crianças e outros grupos de risco que ficam impreterivelmente prejudicados com este desmantelamento dos cuidados de proximidade».