O Auditório da Junta acolheu, no dia 23 de janeiro, o I Encontro de Promoção da Saúde Mental da Freguesia de Amora, subordinado ao tema «Qualificar a Intervenção pela Prevenção». Esta iniciativa, promovida pela Comissão Social da Freguesia de Amora, surge na sequência da realização de um estudo, ali apresentado, sobre a saúde mental no concelho do Seixal, da autoria do Professor José Carlos, investigador do Instituto Politécnico de Leiria e da Escola Nacional de Saúde Pública.
Logo pela manhã, numa sala repleta de gente, a sessão de abertura contou com a atuação da Tuna da Unisseixal – Casa do Educador do Seixal, com sede na Freguesia de Amora, que proporcionou um momento cultural de extrema beleza, tendo a alegria contagiante daquela formação se repercutido durante o resto do dia.
Findo o espetáculo, que mereceu as palmas de várias dezenas de pessoas que ali se encontravam, o Encontro prosseguiu com as intervenções de abertura, por parte de Manuel Araújo, Presidente da Junta de Freguesia de Amora, Luís Amaro, do Agrupamento de Centros de Saúde Seixal/Almada, e de Corália Loureiro, vereadora na Câmara Municipal do Seixal.
«A promoção da saúde mental é uma das áreas que mais nos preocupa, tal como aos técnicos das diversas instituições que intervém nesta comunidade», salientou Manuel Araújo, lembrando que foi a sua antecessora, Odete Gonçalves, que iniciou aquele e outros projetos, como a «Porta Aberta da ESA», o «CADEC» e a elaboração do «Plano de Promoção da Saúde Mental de Amora».
Sobre o tema da iniciativa, o Presidente da Junta de Freguesia alertou que «são muitas as famílias confrontadas» com este problema, e que a saúde mental acarreta «custos sociais e económicos consideráveis, especialmente a nível do sistema educativo, da saúde e judicial».
No entanto, apesar do seu impacto na comunidade, «a saúde mental tem sido frequentemente esquecida nos discursos sobre a saúde». «Falar sobre saúde sem falar em saúde mental é como afinar um instrumento e deixar algumas notas dissonantes», ilustrou, frisando que «é necessária, portanto, a compreensão de como são realmente inseparáveis a saúde mental e física» e «de como é complexa e profunda a influência de uma sobre a outra».
Excluídos da sociedade
Na sua intervenção, Manuel Araújo condenou ainda o facto de, na maior parte das vezes, o Serviço Nacional de Saúde entregar os doentes mentais, que «sempre foram excluídos da sociedade», às famílias, que se confrontam «com portas fechadas e um estigma associado a esta situação». «A integração na comunidade é um processo difícil que muito raramente se concretiza», lamentou, informando que os transtornos mentais «podem ser tratados eficazmente», mas para que tal aconteça «é necessário que as comunidades se organizem para criar respostas atempadas e acessíveis a todos, para evitar que problemas de saúde mental fáceis de resolver se transformem em problemas sérios que exijam intervenções mais dispendiosas».
Nesse sentido, continuou, «é importante investir em programas de apoio à saúde mental das populações, para reduzir o risco de marginalização social, desemprego, alcoolismo e outros abusos de substâncias, tendo sempre como pano de fundo os direitos humanos».
Quase a terminar, o Presidente da Junta de Freguesia antecipou que a crise económica que se vive atualmente, no País e no mundo, «vai seguramente levar a um aumento da instabilidade social e consequentemente à incidência de algumas doenças mentais», o que pode aumentar a taxa de suicídios em alguns setores da população. «A sociedade está a ficar doente. É necessário reinventar novos sonhos, porque o sonho comanda a vida, como dizia o poeta. Sem sonhos para concretizar ficamos paralisados, sem rumo a apontar caminho. Precisamos de sonhar para manter a nossa saúde mental», destacou.